terça-feira, 18 de dezembro de 2007

O raça da canalha

Estas crianças e adolescentes pós-modernos estão a dar-me cabo dos nervos. São putos que se riem de quem acredita no Pai Natal ou se senta em frente a um ecrã para ver a Branca de Neve. Recusam-se a ter um sonho mais alto do que chegar ao horário vespertino da televisão como actores e ter sucesso, ou então seguirem o curso de Direito porque é o único "interessante" mas saber de antemão que vão morrer de fome. É isto o que vejo, é esta a nova geração. Gente pouco interessada em aprender, mas em tirar boas notas. Pouco disposta a ler, mas sempre pronta a sacar resumos da net. Gente que troça de quem sonha e imagina, gente que só vê números, objectividade, música, roupa, iPods e PSPs. Autómatos, seres todos iguais, reproduzidos nas escolas até à exaustão.

Sinto-me o típico cota que augura sempre o pior futuro para as gerações vindouras, mas esta é a realidade com que lido. Pode ser que aprenda a ser mais tolerante, mas como? Tenho alunos de 12 anos que veneram o filme High School Musical (ver vídeo acima) e os Tokio Hotel. OK. Perfeitamente normal para a idade. No entanto, o único comentário que produzem ao filme "Nightmare before Christmas" é um indiferente e superior: "Professor, se nos quer dar desenhos animados, ao menos que não sejam de plasticina..."

Haja tolerância para isto!

1 comentário:

Bruna disse...

Senhoras e Senhores, Canalha e Professores!
Vivemos em tempo de crise. Vivemos num tempo em que os sonhos são escassos, e assim sendo os sonhadores escassos são.

Queremos viver 'à pala' do sonho dos outros...é mais fácil e cómodo, quando alguém sonha somos os primeiros a pensar "eh lecas, boa ideia, porque não faço o mesmo?!" até é fácil...

Agora pergunto-me é este um problema das novas gerações? Ou estarei eu mais atento a esta (in)tolerável maneira de viver?

Creio que a segunda questão é a que me põe de uma forma mais activa na construção do mundo, porque vejamos, "o mal é deles que não sabem sonhar, não se projectam no futuro, não sabem argumentar vocações...", mas será que alguém já parou para lhes mostrar isso? Ou, baseamo-nos na ideia de esta já ser uma competência adquirida?

Perdemos tempo cada vez que sonhamos juntos? Ou trabalhamos para no futuro sermos cidad@os participativos, sonhadores e felizes?

É complicado, vermos na canalha o nosso espelho, mas é o que eles são…na medida do mundo deles, mas não o deixam de ser. Olhemos à nossa volta, coloquemo-nos no lugar de professor quando estamos com os nossos amigos. O quê que vemos? O mesmo de uma sala de aula mas à medida XL, à medida do adulto!

XL de falta de sonhos
XL de falta de vontade de concretizarem os poucos sonhos
XL de dependência
XL de saber vago
XL de falta de sentido adaptativo
XL de falta de saber estar

Não cabe aos nossos alunos, apenas, cabe-nos a nós sermos sonhadores, entrarmos na sala de aulas, na escola, na sala de professores, no bar, na biblioteca sempre com os olhos a brilharem de sonhos.

Porquê pedimos se não mostrarmos que sonhamos?