terça-feira, 30 de outubro de 2007

Notícias ibéricas


Saramago tem razão. Há demasiados factos que provam que Portugal e Espanha deviam ser um só país. Digam lá se esta notícia não é do tipo: "Isto só mesmo em Portugal"? Parece que não...

domingo, 28 de outubro de 2007

Unruhe

Detesto a sensação de ter mil coisas para fazer, e bloquear, não produzindo e desperdiçando tempo.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Lufadas frescas de ar musical

Um americano de 21 anos, cheio de pujança, originalidade, e dotado de uma curiosa obsessão por pôr a imaginação a funcionar, tomando culturas que nunca conheceu de perto como cenário de inspiração para a sua música. O nome do jovem que dá voz a este projecto é Zach Condon.

Este tema é "Elephant gun", dos Beirut.

(aconselho vivamente a leitura da entrevista a este moço, na Ípsilon da passada 6ªa feira).

Vejo este vídeo e só me apetece saltar lá para dentro!

domingo, 21 de outubro de 2007

O leitor








Nos últimos tempos tenho tido a felicidade de conhecer autores actuais que escrevem em alemão, cujas obras se revelam de grande relevância para perceber o pensamento alemão pós-guerra, nomeadamente a análise racional e ponderada do fenómeno do Holocausto, da relação entre as duas Alemanhas, e da emigração. Estes livros, todos eles publicados nos anos 90, foram responsáveis por grandes caminhadas minhas por essas ruas fora, deambulando sem prestar qualquer tipo de atenção ao que me rodeava, estando totalmente absorvido por pensamentos que lia nestas obras, e que me desafiavam a rever todo o tipo de concepção de ser humano, de história, de responsabilidade, enfim, de ideias que o tempo encarrega de pregar-nos ao cérebro, e que, só a muito custo, arriscamos a ousadia de as pôr em causa.


Terminei agora mais um desses livros. "Der Vorleser", de Bernhard Schlink (em português, "O leitor" - Edições Asa - 1998).


Michael Berg, de 15 anos, envolve-se com Hanna Schmitz, mulher misteriosa, com mais 20 anos que ele. O romance é-nos contado pela voz de Michael, de maneira autobiográfica. Michael relata o amor em relação a Hanna enquanto miúdo, e que se manifestava pela forma de um ritual, que todos os dias se repetia: tomavam banho juntos, faziam amor, e ele lia-lhe as grandes obras literárias da história.


Um dia, Hanna desaparece sem deixar rasto. O jovem Michael cresce, e volta a encontrá-la durante um julgamento de crimes de guerra nazis, que observava enquanto estudante de Direito. Hanna está sentada no banco dos réus.


O que se sucede a partir daqui é uma inquietante reflexão sobre os crimes hediondos do 3º Reich, mas pela perspectiva da história de Hanna. Ela é a criminosa que simboliza o violento regime, e, no entanto, ela é a mulher que protagonizou a tocante história de amor que ocupa toda a primeira parte da obra. Como nos situamos como leitores, em relação a Hanna? Sentimos pena, ao sabê-la uma das acusadas? Odiámo-la repentinamente? E por que razão a odiamos? Por ter abandonado Michael para ir servir em Auschwitz, ou por ser mais uma das responsáveis pela morte de milhões de pessoas? É quando nos encontramos neste dilema que ficamos a saber o segredo que marcou todo o percurso de vida de Hanna que ela ocultou de todos, e que nos complica ainda mais a pesada indecisão entre "julgar" ou "compreender".


De qualquer forma, enquanto leitores, a distância é-nos confortável. Porém, a voz é de Michael, e é a voz angustiada de um homem que, tendo amado a criminosa, se pergunta se acusando-a não se estará a trair a si mesmo e ao seu inevitável passado.


A partir da voz de Michael tomamos contacto com a voz de uma geração a quem foi incumbida a dolorosa tarefa de avaliar se devem olhar para os próprios pais com vergonha ou com condescendência.



Os mais cépticos dirão que sobre o Holocausto já tudo foi dito, e que reflexões deste tipo só provam a vontade dos alemães de justificarem os actos do 3º Reich. Eu digo que o cepticismo não é mais do que a vontade de não pensar sobre uma questão humana tão essencial quanto desagradável. E mais, este cepticismo é querer limitar toda esta questão à explicação simplória que a historiografia do século XX tratou de nos dar, e que, ao invés de impedir que nos esqueçamos do horrendo, fomenta uma visão do horrendo que mais não é do que um cliché, que se resume nos livros de história ou no cinema a uma frase, que dizendo tudo, não diz absolutamente nada, que é - "O ser humano é capaz das maiores atrocidades. "



"O leitor" foi o primeiro livro alemão a conseguir o primeiro lugar na lista de best-sellers do New York Times, e é, a seguir a "O perfume", o livro escrito em alemão com maior projecção em todo o mundo. Foi também vencedor de vários prémios literários na Alemanha, Itália e Finlândia.


Por todas estas razões, a leitura impõe-se, principalmente porque está traduzido para português. Neste momento, está já em preparação a adaptação do romance para o cinema, pela mão dos aclamados Stephen Daldry e Scott Rudin, realizador e produtor, respectivamente, do filme "As horas", estando Nicole Kidman a assegurar o papel de Hanna. As primeiras filmagens já começaram em Berlim e Görlitz, uma pequena cidade alemã junto da fronteira com a Polónia, onde existiu uma grande comunidade judia. Esta cidade fica relativamente perto de Leipzig, onde fiz Erasmus, e por isso, dei lá um saltinho. Aqui ficam algumas fotos:








quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Mimalhices


Ao efectuar pesquisa sobre o tema da manipulação genética de alimentos, a partir do qual estou a planificar a minha primeira assistência em Inglês, na semana que vem, encontrei um blog que me arrancou grandes gargalhadas, o que é inédito. Numa entrada sobre a destruição do campo de milho pelo grupo ecologista Verde Eufémia em Agosto deste ano, o autor do blog discorre desta maneira:


"O que aqueles meninos danados para a brincadeira fizeram foi invadir propriedade privada e destruir o sustento de uma família. Só o conseguiram porque, no fundo, são uns mimados, que vivem à custa da mesada dos pais e dos fretes que fazem nos dois dias seguintes a terem tomado banho, enquanto o cheiro não impossibilita o convívio. Aposto que para eles faria muito mais sentido uma plantação de cannabis."

Bingo!

Leipzig


Há momentos em que o vício de recordar me assola, sorrateiramente, inevitavelmente, sem o admitir para mim próprio, qual alcoólico, qual toxicodependente. E só consigo pensar que tenho saudades de mim nestas ruas.

domingo, 14 de outubro de 2007

Eh lá! Eles afinal pensam por eles!


Os peregrinos que acorreram a Fátima para ver a nova basílica tiveram que esperar horas para poder entrar. Perante tal cenário, começaram a assobiar, a vaiar, e a 'reivindicar que "isto foi construído com o nosso dinheiro"'.


Parece que os sacerdotes ficaram incomodados por lhes terem estragado a festinha. Não vejo porquê. Fátima, a Senhora Nossa (atenção ao possessivo), também tem direito a alguma animação. Porque é que em vez de ter que apanhar sempre com os traumas e frustrações de tantos milhares de pessoas, de ter que visionar lencinhos brancos, joelhos sangrados e rugas de tristeza, não pode, para variar, contemplar alguns escândalos, que não passam de expressões livres e sinceras da verdadeira natureza dos que a veneram?

sábado, 13 de outubro de 2007

Perspectivas

"O amor não se manifesta através do desejo de fazer amor (desejo que se aplica a um número incontável de mulheres), mas através do desejo de partilhar o sono (desejo que só se sente por uma única mulher)."
in "A insustentável leveza do ser", Milan Kundera

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Nobel da paz


Al Gore é este ano o galardoado com o prémio da Academia Sueca. Muita gente há-de ficar surpreendida: "- O que é que têm a ver as alterações climáticas com a paz?"



Eu diria que será o estado físico do planeta que irá definir as relações futuras entre as nações. Relações de paz e relações de guerra. E atente-se nos dois países que mais lançam CO2 para a atmosfera: EUA e China. O actual país mais influente do mundo e a (possível) grande potência económica do futuro não respeitam o ambiente?

E o que pensar da Rússia, do Canadá, da Dinamarca, da chanceler Merkel, todos repentinamente interessados em "que parte pertence a quem" no pólo norte?

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Dia fértil


Sócrates voltou à escola na Covilhã onde estudou. À espera dele teria uma manifestação de sindicatos de professores. De manhã, dois polícias à paisana visitam a escola, e tentam demover a manifestação marcada para de tarde. Estranho. Pidesco.


Sócrates chega à Covilhã, apanha com altos insultos (que resistiram à intimidação), os jornalistas pedem-lhe comentários e diz: "É normal, é a festa da democracia". O primeiro ministro acha que os protestos não passam de uma celebração do direito mais que óbvio à contestação política? Um direito que alguém de manhã sorrateiramente tentou violar? Estranhíssimo. Ridículo. Cínico.

Something is rotten in the reign of Portugal

Santana profetizou na semana passada. Agora, estou dois dias sem ver as notícias...

E descubro isto (preocupante).

E isto.

Já sabem. Invistam na vossa carreira literária light, ponham o país a ler livros sobre pseudo-história secreta do país e do mundo, e depois digam publicamente tudo o que vos apetece sobre a empresa em que trabalham.

Se Rodrigues dos Santos não tivesse o pé de meada dos livros que vende, e que o pode sustentar em caso de despedimento, será que viria para a Pública falar da intromissão do governo na televisão pública? E será que não tínhamos o direito de saber disso à mesma?

domingo, 7 de outubro de 2007

Tempos modernos


Ferreira Fernandes escreve hoje no DN um artigo que desvenda um exemplo de como as relações humanas nos propõem revisões constantes da maneira como nos organizamos socialmente, e da maneira como estas desafiam até os documentos legais mais vanguardistas. Vale a pena ler!

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Words that fit the day

Is it my calling to keep on when I'm unable?
Is it my job to be selfless extraordinaire?
My generosity has me disabled by this,
My sense of duty to offer.


(Offer, Alanis Morissette)

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Dia Mundial da Música

Dias maus ou bons, momentos bons e maus. Vale mesmo a pena ouvir esta rádio.

.dir gewidmet. ich höre das und denk an dich. bis in die Ewigkeit.

* * *

Flipándolo

Con lo rara que es la gente. O yo. A saber.
En tu pensamiento lo tienes totalmente claro que es eso, el cambio, el soplo explosivo de vida, lo que tiene que salir de tí, y solamente de tí. Lo tienes clarísimo que no eres genial, sino humanamente capaz de hacer algo que crees que vale la pena. Intentas convencerte todo el día, y todos los días, que los demás pueden saberlo de tí. Que se lo puedes demostrar, y que para eso son suficientes tus ganas y tu saber y tu indignación, y todas las demás razones que repites a tí mismo cada vez que piensas: "¡Qué fácil es esto al final!"
Pero el resultado es distinto. Una y otra vez te callas, y te dejas llevar por la mierda mental a tu alrededor cuyo olor te penetra el cerebro, y que estimas al final ser imposible combatir. Sufres en silencio, dejas que la nariz lo aguante, aunque tu voluntad es coger una escoba y con ella barrer una detrás de la otra las excrecencias humanas quienes ves oprimiendo tu camino, aunque eres tu él que se lo permite.
¿Y cómo es posible que lo que es real y objetivo pueda mirarse de perspectivas tan distintas?
¿Cómo es posible que tú te fijes en lo bonita que es una ventana, mientras otro se divierte apuntando las decenas de tonalidades de suciedad que su cristal presenta?
¡Vaya puta mierda!